terça-feira, 14 de abril de 2009

alterretrato

Meu tempo deu mais uma volta ao redor do universo vazio, e de volta estamos no ponto de início. Ou quase. Nessa noite que passou, me falaram vozes (as vozes são o que vejo quando olho para o escuro). Como fazia voltas já, falavam e falavam mais ainda. As palavras hoje já me escapam, mas resta idéia. Falaram de mim, contando do que viram e o que vêem hoje, depois de tantas voltas.
Falaram que há em mim tendência ao vento, ainda que seja assim propenso a um temperamento lento, fala tardia. Que há incenso e um gosto ainda presente por tardes vazias. Que há em quantidade saudades na minha barriga, como um tumor, próximo ao fígado. Há resquícios, dizem, de uma poética tresloquacidade, de trejeitos de inventor de palavra, flutuares e impetuosidade que por vezes dormem. Que há, próximo a um amargor verde escuro, talentos que rumino de ver o que escuto, há poetares leves, e que há em meus sonhos de amarelo e cinza chumbo borboletas e besouros. Que sou ainda, ou devo ser, amigo de uns quatro ventos poetas, que sopro sonhos que correm mundo - por desejo ou em fuga - a tocar ouvidos que descansem no escuro.

Falaram ontem que há em mim, nos olhos fundos aquilo que sou, e na barriga doída aquilo de que fujo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Flutuando sempre em inconstantes sonhos. Brisas de tons.

chelly! disse...

tendência ao vento? assim deixa-se levar ...


acheiii teu endereço por aqui, :D
dois beijos :*