segunda-feira, 30 de junho de 2008

Complementos à sombra do texto

Falo da sobra e da sombra, aquilo que escapa de tudo o que se diz, escreve, e sente, e de como encontrar isto para trazer à luz o que seja para mim a atitude de contemplar, preferida minha diante das coisas da vida.

Pressuponho primeiro que a nenhum e a todos é possível que se conheça a realidade, sendo que um ou outro caso se aplica conforme seja minha ou de outro a realidade de que falo.
Posso dizer então que, ao acompanhar um texto, convém que se não atenha tão só às letras e palavras ou frases ali ditas, senão que também à sombra da letra escrita, à ressonância da fala, às palavras e frases que não são ditas mas que poderiam, que bem podem estar escondidas entremeando as brechas do texto.
Pois então ao estar em presença de flores, é bom que se preserve o assombro; que assim não seja a atenção tão somente voltada à beleza e ao perfume que se pronunciam na presença suave, mas que esteja também ali naquela auto-evidente leveza a possibilidade da rudeza e violência das flores, e tudo o mais.

Na vivência dos fenômenos então, além do que está posto, também há que se buscar o que haja de indizível ou insondável acerca do que sejam as coisas da vida, flores ou qualquer, pois é justamente no mistério da vivência que a experiência se faz entusiasmante.

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