segunda-feira, 30 de junho de 2008

Não é fome que sinto, nem tampouco é um sentir de quem esteja pleno ou saciado. É sim uma náusea que me desperta a presença do vazio de mim. Náusea ansiosa ante isto que sou, que me sinto. É a fala da grosseira víscera profana, marca da minha única imperfeita natureza mundana: nauseio pois sou humano, nauseio frente ao incompreensível que ainda me é o sagrado de ser vazio.

Profano ainda, sacio-me a ansiosa víscera com um qualquer fruto caído que, humilde como rola no chão, é e sempre será mais sagrado que qualquer de minhas crípticas complexidades, pois sem consciência, compreende em si a vacuidade de tudo o que é.

2 comentários:

Anônimo disse...

Profundo e verdadeiro.
O vazio nauseia. Sorte os ignorantes que não se dão conta disso.

Anônimo disse...

é esse 'ser num circo'
que por involuntariedade de máscara, preenche-se de vazios abjurados: construção de 'indivíduo', exaltação da dita náusea