quinta-feira, 25 de outubro de 2007

De angústia, me ponho a escrever. Me pergunto qualquer coisa que não sei responder, e vão os dedos lá a dizer. É como se eu fosse inteiro sentir sede esta angústia do desencontro, quando o que sou não tem descrição, quando o que está sendo não encontra termo que lho diga. E me torno todo desejo da água que me vai saciar, água-palavra que afinal vai falar. Teço léguas de texto em fio, e nesta corda amarro o balde que jogo ao poço profundo. Em vão a corda desce e desce até o mais profundo que alcança o fio, enquanto teço mais e sem parar, nunca ouço sequer ruído, o balde não chega jamais ao fundo. A água que vai me saciar parece nunca estar lá, tento e tento chegar ao fim do poço, trazer de volta a água e o confortável de explicar o que passa - nada. O poço nunca acaba, e tampouco a angústia acaba, quase morro de sede enquanto teço, mas a palavra final sempre falta, inútil corda letrada que nunca diz nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu estava com saudades das tuas loucuras fluidas e compassadas... sempre síncronas com as minhas...