quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Devaneios sobre ser no tempo

Posso dizer da vida que é ininterrupta atualização de um Agora eterno, que é ele mesmo todo o vir-a-ser.

Vida parcial, tempo a tempo. O instante - o agora em si mesmo - é tudo em potência, e é essencialmente virtual (em oposição a um agora presente que é atual). Ou seja, o agora só existe enquanto possibilidades infinitas sem território, sem presença. Neste sentido ele não existe enquanto substância, tampouco existe como entidade, simplesmente existe. Não existindo enquanto presença, este instante pleno, no entanto, existe em sentido mais profundo, é. Não é-aí, nem é no tempo, mas é antes de aí e antes do tempo. A existência numênica deste Agora que é toda a possibilidade se faz presente - é-aí - na experiência das coisas que são aí, experiência do algo que é algo, idêntico a si mesmo e diferente de um outro. Por então ser mediado por espaço e tempo, o momento, o Agora existe em si mesmo porém não pode ser experimentado em plenitude, visto que a experiência de algo demanda uma divisão em tempos, uma atualização e uma diferença fundadora dessa entidade. Não é possível então, dadas estas necessidades para a presença, que se atualizem em um mesmo instante todas as possibilidades virtuais deste momento eterno, de Agora. Portanto a vida, toda ela já vivida no agora eterno, só pode ser experimentada enquanto for atual, ou seja mediante uma divisão em seções de tempo. Dito de outra forma, ou quase da mesma, o momento único, este que comporta tudo o que pode vir a existir enquanto experiência, não pode ser ele mesmo vivido em sua plenitude, visto que é necessário que se o divida em partes (ao dividir em partes é possível a atualização do virtual) essa é a condição para que algo possa existir enquanto coisa experimentável.

Pois é aí que me pergunto sobre a experiência de ser aí, de ser com algo, das limitações desta experiência. Me pergunto sobre essa atualização, como é possível ela? Sobre essa divisão em espaços e tempos, que tempos são estes e que espaços? Será a possibilidade da experi?ência assim tão limitada quanto a vivo eu cotidianamente? Não sei...

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