quinta-feira, 25 de outubro de 2007

(quando chegou a primavera)

Mais uma primavera e correm lilases na rua, e amarelos vão ao vento. Já eu troco o passo corrido e fugido por um andar que contempla a passo lento.
Ao meu passo, se vão desfazendo os marrons terrosos e se afundam enferrujados na terra que deles é fértil. A terra é azul e verde, e o céu quando não o também é, vez por outra é cinzento. As dez mil cores se fundem e fundam mais outras dez mil, e dançam como flutuassem pétalas na água, dançam leve como não fosse música mas vento, e correm mundo os cheiros e gostos de nova estação. E as gentes que correm como as lilases, pouco a pouco notam que mudou o mundo e mudam junto, como eu, em andamento e temperamento. Tempo de belezas, tempo de uma embriaguez leve e constante. Eu, árvore que sou, floresço em poesia e música e frutifico em sorriso e carícia. Cantando e poetando flores de primavera eu devolvo à terra pedaços de mim mesmo, os mais belos, em paga e graça pelo sustento no inverno.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo!! :***
(Livia)